Fora da caixa: 10 nomes da gastronomia mineira que você precisa conhecer

Cumbucca convidou um grupo de profissionais experientes para destacar pessoas inspiradoras que vêm ganhando destaque

Rafael Rocha

Eles não estão no reality show da TV e nem na cozinha dos restaurantes mais renomados da cidade – ainda. São pessoas obstinadas que realizam trabalhos ousados e inspiradores na gastronomia. Nem sempre os holofotes chegam aos talentos com a rapidez necessária.

Para celebrar o dia da gastronomia mineira, comemorado todo dia 5 de julho, a Cumbucca pediu a profissionais respeitados do ramo para pensar sobre pessoas inspiradoras que você, eu ou qualquer interessado em gastronomia mineira precisamos acompanhar mais de perto.

Tentamos elaborar uma lista diversa: homens e mulheres, segmentos e atuações diversas, capital e interior. Tem de tudo um pouquinho. Confira a seguir a lista final.

 

Alexandre Nascimento – Empório Santo Antônio, em Tiradentes

Tipicamente mineiro, Alexandre é tímido e discreto. Mas na cozinha sua performance é exuberante. Caladinho, há quase 20 anos o cozinheiro despacha seus comes e bebes no Empório Santo Antônio, restaurante instalado em Tiradentes. Enquanto executa suas criações, como bochecha de porco ao vinho tinto, sua companheira Soraya de Paiva comanda o salão. Conjugar itens da cozinha mineira com outras referências gastronômicas é outra de suas qualidades.

Alexandre Nascimento – Empório Santo Antônio, em Tiradentes

 

Arlen Fortes – Vila Chalezinho, em Nova Lima

O chef é apontado como um perito e vem se destacando rapidamente. Atuou durante três anos como cozinheiro no escritório da Google. Depois passou pelo restaurante da Backer, onde deixou sua marca com inovações. Além das técnicas de preparo, ele confere às criações apresentações exuberantes. Em sua cozinha autoral, filé ao molho roti com canelone recheado de abóbora caramelizada é uma das receitas salivantes. Atualmente ele comanda a cozinha do restaurante Vila Chalezinho, em Nova Lima.

Arlen Fortes – Vila Chalezinho, em Nova Lima

 

Bernardo Garcia – Bení Kebab, em BH

O cozinheiro decidiu ontem retornar a Minas – é verdade, não é força de expressão. Sorte a nossa. Sempre que Bernardo Garcia inventa algo, é sinal que coisa boa virá. Ele se mostrou com desenvoltura no Bení, uma casa de kebabs na Savassi, em BH, criada após uma temporada do chef na Espanha. Saiu do restaurante e abriu o chinês Jia, que acabou tendo que fechar as portas devido à pandemia. Estava em outra área, trabalhando com diversidade e inclusão numa empresa em São Paulo, mas há poucas horas resolveu voltar para a cozinha de sua terra natal. Nos próximos dias Bernardo reassume a cozinha do Bení com a cabeça fervilhante. Sua atuação enquanto homem trans é um exemplo que ultrapassa os limites da comunidade LGBT+ e inspira toda a cena gastronômica.

Bernardo Garcia – Bení Kebab, em BH

 

Bruna Haddad – Zuzunely, em BH

A filha do chef Beto Haddad quase nasceu dentro de uma cozinha. Suas duas avós, Zulmira e Nely, sempre cozinharam em casa (da junção desses nomes nasce o acrônimo que batiza o restaurante). Havia um cuidado com a comida, uma criatividade imbatível, vários experimentos, e Bruna sempre no meio. A cozinha era um hobby e ela não imaginava que viraria profissão. Bruna se formou em Nutrição, o que foi essencial para sua formação como cozinheira. Começou a atuar como personal chef, cozinhando na casa de clientes, fazendo buffets e eventos. Em seguida veio a oportunidade de abrir um restaurante. A cozinha da Bruna é paradoxalmente trivial e sofisticada. Trivial nos pratos que prepara, sofisticada nas técnicas que utiliza. Consegue fazer de uma batata frita temperada um acontecimento. Suas cestas de café da manhã são imperdíveis.

Bruna Haddad – Zuzunely, em BH

 

Cinara Gomes – cerveja Serafina, em BH

Influenciada por seu irmão Rafael Gomes, Cinara começou a fazer cerveja e se interessou por criar receitas diferentes da bebida. Junto a outras mulheres, criou a confraria feminina de cervejas Filha de Ceres. Tomou gosto pelo processo de produção cervejeira e em seguida pariu a Serafina. Com a parceria do sócio Rafael Soares, o rótulo nasceu cheio de história e representatividade da cultura afro-brasileira, além de bastante lúpulo. O nome presta homenagem à saudosa dona Fininha, mulher preta benzedeira que morou por décadas no bairro Novo Glória, na capital. Há tempos as mulheres estão envolvidas em criações no meio cervejeiro mineiro, e nesse cenário a atuação de Cinara Gomes merece os aplausos.

Cinara Gomes – cerveja Serafina, em BH

 

Cristiane de Freitas – Restaurante da Cris, em Juiz de Fora

A cidade de Juiz de Fora tem uma cultura de boteco formidável. Nesse palco disputado, uma feijoada conquistou os paladares locais. Ela chega ao prato com a couve colhida da horta e picada finamente, antes de passar pela panela quente com banha de porco e alho. O angu é molinho, feito com fubá de moinho. O arroz bem solto, a laranja, a farofa e os pedaços macios e suculentos da carne de porco completam a refeição. Todo esse capricho é feito pelas mãos de Cristiane de Freitas, que encabeça o Restaurante da Cris, no município da Zona da Mata. Tem gente a chamando de ‘a rainha da feijoada’, mas vale lembrar que feijão tropeiro, dobradinha e frango com quiabo também saem desse reinado.

Cristiane de Freitas – Restaurante da Cris, em Juiz de Fora

 

Júlia Furtado e Amanda Malta – Manju Cozinha Afetiva, em BH

Aqui temos uma escolha que vale para duas. Júlia Furtado e Amanda Malta estão à frente do Manju, restaurante natural que fica no Sion, na capital. Na casa, a lógica de valorizar os pequenos produtores é levada a sério. Uma horta própria serve de exemplo. A atuação da dupla vem chamando a atenção do setor, especialmente pelo comprometimento com a sustentabilidade, não somente na cozinha. A obra no imóvel, por exemplo, foi feita por arquiteta especializada em materiais naturais. Destaque para o café da manhã que se estende até a tarde. Aos sábados tem brunch com pão na chapa, café coado, tapioca, omeletes e frutas. O almoço executivo é sazonal e respeita o que chega fresquinho dos produtores. A folha peixinho da horta e lasanha de couve podem aparecer como opções.

Júlia Furtado e Amanda Malta – Manju Cozinha Afetiva, em BH

 

Marília Medeiros – Varanda Gourmet, em Juiz de Fora

O que passa pelas mãos de Marília ganha sabor e consistência. Sua capacidade de gerenciar equipes também é elogiada por colegas. O tempero de Marília vem ganhando o boca a boca da região. Ela diz que se inspira numa comida afetiva com gostinho de infância, referência que aparece nas receitas de almoço feitas por ela, como a maminha servida com legumes, creme de mostarda e telha de angu. Fazer pizzas com fermentação natural é uma nova paixão da cozinheira.

Marília Medeiros – Varanda Gourmet, em Juiz de Fora

 

Pedro Aguiar – Seu Pedro Cogumelos, em BH

O cultivo de cogumelos orgânicos começou no início de 2020. Pouco tempo depois, a produção de Pedro já é disputada por grandes chefs da cidade, como Léo Paixão. Os shimejis no tipo branco, salmão e shimofuri são maiores do que os encontrados normalmente. Na entrega semanal não vai plástico nem isopor. O cuidado com o produto e a valorização da sustentabilidade são citados como diferenciais. A atuação de pequenos produtores como Pedro ajuda a tornar a gastronomia mais diversa, natural e perene.

Pedro Aguiar – Seu Pedro Cogumelos, em BH

 

Thiago Medrado – Noca Restaurante, em BH

Na divisa entre os bairros Floresta e Santa Tereza, em Belo Horizonte, uma casa esconde um agradável quintal arborizado. Por ali também bate ponto um talento em ascensão. Mineiro de Janaúba, Thiago Medrado foge de obviedades. Pesquisa e executa com rigor. Sua criatividade na cozinha é inspiradora e se desdobra em um cardápio ousado que muda diariamente. Farofas incrivelmente úmidas e crocantes, vegetais bem trabalhados e carnes braseadas irão fazer seu estômago feliz.

Thiago Medrado – Noca Restaurante, em BH

 

A lista foi formada a partir da participação de experientes nomes da gastronomia mineira. Cada um deles escolheu um dos talentos acima mencionados. São eles:

Agnes Farkasvolgyi (cozinheira), Airton Soares (colunista de gastronomia do Tribuna de Minas, em Juiz de Fora), Beth Beltrão (chef do Viradas do Lago), Edson Puiati (chef e professor), Eduardo Maia (Projeto Aproxima), Felipe Rameh (chef), Márcia Martini (site Opsófagos), Pablo Oazen (chef), Rodrigo Ferraz (Fartura e Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes) e Zora Santos (cozinheira e pesquisadora de comida afro mineira).

 

Belo Horizonte celebra o Dia da Gastronomia Mineira durante todo o mês

Palestras, bate-papos e outras ações virtuais recheiam uma programação elaborada pela Belotur e Prefeitura de Belo Horizonte para celebrar o dia da gastronomia mineira. A lista de atrações se espalha até o dia 31 deste mês e demonstra porque a capital foi eleita pela Unesco como Cidade Criativa da Gastronomia.

O Mercado Central e o Mercado Novo apresentam atrações. A Semana da Gastronomia Mineira se integra ao calendário com seus encontros e conversas. Um circuito gastronômico irá prestar homenagem ao livro “Feijão, Angu e Couve”, do autor Eduardo Frieiro, nome fundamental dos estudos alimentares em Minas Gerais. A exibição do documentário “A dona do tacho”, sobre Nelsa Trombino, também preenche a lista de atividades.

A programação completa está disponível em http://portalbelohorizonte.com.br/creativecity/dia-da-gastronomia-mineira-2021

Comentários - 1

Sam

Sam

Gastronomia?
Ou Culinária…!?

julho 7, 2021 4:09 pm Responder

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